A implantação de um equipamento, seja ele público ou seja ele privado, implica ou deve implicar análise cuidadosa dos efeitos que vai potencialmente provocar. Impacto urbanístico; impacto ambiental; impacto no trânsito e estacionamento. E, nalguns casos, impacto na segurança e tranquilidade públicas.
Confrontada com o pedido de viabilidade de construção de uma área de vendas de combustíveis e da ampliação da superfície comercial que lhe está associada, a Câmara terá feito uma apreciação sumária, ao mesmo tempo que procurou colher parecer de algumas entidades, entre as quais a Junta de Freguesia de Caldelas. Se assim procedeu, fez o que lhe compete fazer, reservando a decisão final para depois de ouvir as várias e diferentes opiniões, a maioria das quais não vinculativas.
Ao decidir como decidiu, isto é ao aprovar, mesmo com reservas, a viabilidade de construção, a Junta de Freguesia de Caldelas manifestou a sua vontade. Disse sim quando também podia ter dito não com a mesma legitimidade.
O que já não se compreende são os argumentos expendidos. Argumentar que a Câmara já havia aprovado, querendo com isso dizer que a sua opinião não valia nada, é justificação esfarrapada, porque mesmo que isso fosse verdade podia e devia dizer o que pensa, mesmo ou sobretudo quando o que a Junta pensa é diferente do que a Câmara pensa para as Taipas. Se assim procedesse, ficávamos todos a saber que a Junta tem um projecto urbanístico para a Vila e qual ele era. Como preferiu ficar de bem com o promotor, mas temente do desagrado das pessoas, sobretudo das que vão ter de viver com uma bomba, a Junta de Freguesia aprovou um são, ou seja um sim que é um não.
Já se sabia que a Junta de Freguesia de Caldelas não tem ideia do que quer para a Vila, tirando os lugares comuns do centro e do parque. Já se sabia que nada mais tendo para apresentar aos cidadãos do que o programa de Festas e uns arranjos de passeios, a Junta se entretinha na busca de soluções fantasiosas, como a residencial sénior, a marina para gaivotas.
Agora ficamos todos a saber que além de não ter projecto para a Vila, a Junta avalia os projectos que lhe são apresentados por critérios comerciais e especulativos, sacrificando o interesse urbanístico e a segurança das pessoas por patrocínio às Festas. É de lamentar.